Magoa, raiva e ódio são mal estares
gratuitos que afetam nossa saúde minuto a minuto. Não entendo ainda, como as
pessoas podem sentir tanta raiva dos outros ao ponto de ficar doentes (enquanto
os outros nem sabem disso) Faz algum tempo, viajava para Porto Alegre desde Santa
Catarina, de ônibus. O ônibus parou em Araranguá e um rapaz jovem subiu e sentou
de meu lado. Eu vinha de dar um curso e queria descansar ou pelo menos não
conversar, mas essa não era a ideia de meu amigo. Iniciou uma conversa quase em
voz alta, poxa pensei, ele deve ser surdo para falar tão alto, mas não era, era
normal, somente gostava de falar alto. Eu tentava responder em monossílabos
para não estender nossa conversa porque a essas alturas já todo o ônibus estava
em silencio escutando o que a gente conversava ou escutando o que ele falava. Ele
perguntou o que eu fazia e Eu para simplificar, pois pensei que falar que
trabalhava com energias e cósmicas ainda ia deixar ele maluco, falei que era
terapeuta (trabalho com medicina chinesa) e falei baixinho para a plateia não
escutar, ele repetiu em voz alta: Ahh o senhor é medico!!!, Não!!! falei
baixinho ... Mas a empolgação dele já era difícil de parar e menos ainda tentar
falar para ele que eu não era medico em esse meio tempo o ônibus parou
novamente, ele se levantou e falou ainda em voz alta: eu desço aqui doutor... Dei
graças a os meus mentores siderais e me preparei para um merecido descanso
quando sinto alguém tocando meu ombro, uma senhora de aproximadamente 50 anos
de aparência humilde com um braço enfaixado falou para mim: Doutor, por favor,
o senhor poderia ler esta receita para mim porque eu não entendi o que o outro
medico falou no posto e agora estou indo para Porto Alegre, olhei a cara da
senhora e peguei a receita sem pensar, isto minha senhora é uma solicitação de
tomografia computadorizada, expliquei como funcionava o aparelho e que era para
ela não ter medo, que não ia sentir nada, ele era usado para radiografias mais
exatas. Mas o que é que a senhora tem, pergunte já com curiosidade (os passageiros,
sem eu saber, acompanhavam nossa conversa) Pois é doutor, quebrei meu braço já
faz bastante tempo e o osso não cola, poxa pensei para mim, por que um coitado
de um osso não vai colar? Estranho, falei para ela, não tem porque não colar. A
senhora tinha sentado na poltrona enfrente, no corredor, pois é doutor, por
isso vou para Porto Alegre, vão me examinar. Perguntei para ela: Aconteceu
alguma coisa ruim quando quebrou esse braço?, Aconteceu doutor, eu caí porque
sai correndo quando vi meu esposo (esse sem vergonha..., exclamou baixinho) me
traindo com outra mulher dentro da minha casa, mas o que isso tem a ver
doutor? A senhora tem raiva dele
perguntei já sabendo a resposta. Raiva doutor? Eu quero é acabar com a vida
desse sem vergonha!! Pois é, esse é exatamente o motivo de que seu osso não
cole, respondi olhando para ela fixamente, mas como doutor, exclamou, não
entendo... Expliquei pacientemente que tudo é energia e que o amor é a
principal energia de cura, que si ela tem ódio, as células, que trabalham com
amor, não conseguem trabalhar e o osso não cola. O que posso fazer doutor,
falou finalmente, pressa dentro de um dilema de consciência. Simples falei:
Você tem que perdoar teu esposo e ainda assim amar ele, não precisa ficar com
ele, somente perdoe e ame. Chorou baixinho e exclamou; Vou perdoar sim doutor,
tenho que me curar deste braço quebrado... Obrigado doutor.. e se dirigiu para
sua poltrona, uma senhora da poltrona atrás de mim me disse que ela estava com
problemas sérios... e assim foi toda a minha viagem conclusão: atendi quase
todo o ônibus, quando chegamos a Porto Alegre as pessoas me agradeciam, uma
chegou a falar que estava encantada com essa nova visão que os médicos tinham
agora, teria gostado de ter falado que não era medico e que as doenças eram
somente desarmonias de nosso próprio ser, descobri que não tinha doença que não
podia ser curada assim como não tinha pessoa tão ruim como para ficar doente. O
amor cura, o perdão sublima essa cura dentro de nosso coração.